Ajude na Evangelização na Àfrica

terça-feira, 19 de maio de 2015

Pe. Márcio missionário na Àfrica


África, um continente a evangelizar.
A África é um continente de um grande potencial humano, material e cultural. Ela é ainda um continente a ser evangelizado, a porcentagem de cristãos ainda é bem baixa, mas o número de pessoas que se aderem ao cristianismo está crescendo cada vez mais! A primeira evangelização é ainda uma das nossas principais atividades missionárias como também o dialogo inter-religioso é de grande necessidade e tem acontecido no dia-a-dia. Muitos são os novos batizados de adultos que são feitos a cada ano graças à catequese, à Palavra de Deus partilhada nas comunidades de base e aos seminários de formação que são organizados.
Certamente muitos de vocês conhecem a realidade da nossa paróquia pelas cartas e notícias que enviamos de vez em quando. A minha missão é no Congo, um país com um potencial muito grande em matérias primas, porém muito pobre e onde o povo sofre com inúmeras guerras e conflitos armados. Eu trabalho na diocese de Kasongo, uma diocese que tem 15 paróquias, sendo que 4 destas paróquias ainda não têm padres permanentes! Assim eu tomo conta de duas paróquias. A paróquia de Santa Tereza do Menino Jesus onde vivemos, e atendemos a paróquia de Nossa Senhora do Bom Conselho. A primeira paróquia tem 37 comunidades de base e a segunda tem 25 comunidades. As nossas duas paróquias são situadas na floresta atlântica próximas ao Rio Congo! É um lugar abandonado pelas autoridades políticas. Não tem estrada, nem energia elétrica, nem um sistema de saúde capaz de atender à população de uma forma satisfatória. As comunidades são distantes da matriz, tem comunidades que estão situadas a 80 quilômetros e o acesso muitas vezes é só de moto, mas com dificuldade. Já a nossa segunda paróquia é situada a 100 quilômetros de onde nós vivemos e a única estrada de acesso é um trilho dentro das matas, sem pontes e sem muitos habitantes ao longo da estrada. Lá chove muito o que dificulta ainda mais a ida e volta.
Tem apenas 6 meses que comecei a atender esta segunda paróquia e a primeira vez que lá fui, foi uma data histórica e também um ato heróico e de muito risco. Vou explicar: esta paróquia há três anos era atendida pelos padres da nossa paróquia, mas como houve três mortes consecutivas: um pedreiro que estava construindo a Igreja, o vice presidente do conselho paroquial e finalmente o padre que atendia, todos morreram em um curto espaço de tempo. Então um grande medo se instalou e ninguém mais quis atender esta paróquia acusando assim os cristãos de lá de terem envenenado estas pessoas inclusive o padre. Passamos mais de três anos sem lá ir, mas aconteceu que o bispo, em visita à nossa paróquia, nos pediu que voltássemos a atender esta paróquia e como foi diante de uma grande delegação de pessoas que caminharam estes 100 quilômetros a pé para pedir que voltássemos a atendê-los, eu não pude recusar o serviço e então prometi, eu vou! O dia da viagem chegou, preparei bem a moto e me despedi de meus confrades que temiam que eu não voltasse mais e parti pela floresta adentro correndo o risco de encontrar barreiras de bandidos na floresta! Mas a única barreira era o próprio trilho, quantas vezes cai sobre pedras, até mesmo a embreagem da moto quebrou-se, mas tinha que continuar sem embreagem no barro, passando sobre pinguelas, buracos, etc… Mas cheguei, que alegria para este povo, grande festa muitas músicas e danças! Receber a Eucaristia depois de tanto tempo! Quanta fome, quanta sede de Deus e dos sacramentos! Pois é, esta viagem heróica serviu para quebrar os preconceitos e o medo que tinha se criado nas pessoas desta paróquia, foi um risco, mas Deus abençoou e tudo deu certo. Foi com fé e muita confiança em Deus que eu pude me lançar neste desafio enfrentando todos os perigos para levar a palavra de Deus. E lá quantas pessoas sedentas e de uma fé muito profunda eu pude encontrar. Valeu a pena!
Lembro-me de uma senhora que me partilhou a sua vida. Quanta pobreza, mas quanta fé! Vejam isto: ela me diz que estava vivendo com a ajuda das pessoas amigas que a davam um pouquinho para comer! Ela vivia distante de seus filhos, pois esses eram de religião mulçumana e ela não queria viver com eles para não perder a sua fé cristã! No vilarejo de seus filhos todos eram mulçumanos e ela então sem ter como viver a sua fé preferiu mudar-se e vir morar próximo à matriz desta paróquia para poder escutar a palavra de Deus, trocando o conforto, o carinho dos filhos pela palavra de Deus que tinha mais valor para ela! ‘Padre eu prefiro passar fome a não me salvar’! Que ato bonito e profundo de fé! Naquele dia eu, após ter andado 100 quilometros e estar completamente esgotado fisicamente, me disse: ‘eu sai de tão longe para vir servir o senhor, fiz um esforço muito grande para chegar até aqui, mas esta senhora sim é que tem fé’. Confesso que ela me evangelizou e me fez ter mais coragem de me entregar com mais garra para a missão.
A vida aqui na missão é muito simples: vejam que neste natal que passou eu fui visitar a nossa segunda paróquia de novo, passando e celebrando em algumas comunidades. Viajando o dia inteiro sem comer e sem tomar água, chegando às comunidades às vezes nem tem o que comer, o cansaço e a fome tomam conta. As pessoas só comem uma vez por dia. Na noite do dia 24, eu dormi sobre uma lona plástica que levei para proteger minha bagagem contra as chuvas e meu travesseiro foram as minhas roupas colocadas em um embornal. Lá, quando vamos visitar uma comunidade, temos que levar tudo: hóstias, vinho, túnicas, estola, cálice, e todo material necessário para viver, tudo isto sobre a moto! Foi uma experiência fantástica experimentando assim a pobreza em que Jesus nasceu! Visitei tantos doentes no dia do natal, uma bênção! A volta foi dolorosa, carregar a cruz! A chuva me pegou a uns 15 quilômetros da paróquia onde moramos, a moto estragou e não ligava mais! Nenhum recurso a não ser empurrar a moto para chegar a casa, subir e descer montanhas naquele barro! Uff quanto peso: a moto só pesa 100 quilos, mas cheguei à casa feliz apesar das dificuldades!
São estas e tantas aventuras que vivemos a cada dia! Além de vivermos isolados do mundo, sem telefone, sem internete, sem rádio! Temos sim uma televisão, mas nem sempre podemos vê-la, pois não temos energia suficiente, apenas placas solares alimentam as baterias para dar um pouco de energia para trabalhar! Lá o povo não tem água encanada nem filtrada, aliás, nem conhecem uma torneira! A paróquia é um grande centro onde se encontram alguns recursos! Apesar da falta de recursos, nós tentamos ajudar o povo, temos uma máquina de xérox e uma máquina para imprimir fotos ¾ para documentos! Antes o povo andava a pé ou de bicicleta mais de 100 quilômetros para tirar uma foto ou um xérox. Fornecemos também alguns materiais escolares para facilitar a vida do povo.
O padre é também uma pessoa de extrema importância para as pessoas. Todos os problemas e conflitos vem até a paróquia para serem resolvidos: conflitos de famílias, étnicos, políticos, prisão injusta! Em tudo o padre está presente para ajudar na reconciliação e para ser advogado dos pobres e injustiçados! É muito trabalho para nós!
Além de tudo isso temos atualmente mais de 30 escolas católicas que nós temos que cuidar, gestão de professores, alunos e, sobretudo a catequese escolar! Temos também o nosso hospital que pertence e é dirigido pela paróquia! Temos em permanência um médico e 15 enfermeiros! Também a gestão destes colaboradores não é fácil! Graças a Deus estamos construindo mais uma ala para melhorar as condições do hospital. Um outro grande desafio são também as nossas capelas nas comunidades. Na nossa primeira paróquia estamos quase terminando de construir as nossas capelas! Tudo é muito simples: os cristãos fazem tijolos de barro, queimam, constroem as paredes e colocam o engradado de madeira e nós quando podemos damos as telhas de zinco! Graças à ajuda de muitas paróquias e amigos já temos muitas telhas para construir! Às vezes as capelas não têm nem portas, nem janelas, nem bancos, nem reboco, nem pintura, e o chão é de terra! O grande desafio é a nossa segunda paróquia, das 25 comunidades apenas 3 tem igreja com telhas!
Ah, é verdade que vivemos pela providência de Deus! Sabem que o nosso dízimo este ano foi em torno de R$2.500,00 sendo que 30% vai para a diocese! E que a nossa coleta nas missas de domingo, na matriz dá em torno de 30 reais! Será que dá pra viver? Não! Sabem que uma garrafa de vinho custa 25 reais e um quilo de hóstias também custa 25 reais, sem contar o transporte que custa 2,40 por quilo! A cidade mais próxima está a 200 quilômetros, mas não encontra de tudo! Até pra viver é difícil, um saco de açúcar custa R$ 240,00, mais o transporte! É só pra vocês terem uma idéia! Ainda bem que adotamos a simplicidade do povo e vivemos sem muito conforto! Lendo este relatório dá pra refletir um pouco e pensar que é muito difícil lá, mas sabem que o que contei ainda é pouco, a realidade é mais precária, se duvidarem sejam bem vindos para fazer uma visita na nossa paróquia!
É assim mesmo, no ano passado eu lancei uma idéia na Arquidiocese de Mariana para nos ajudar, muitos responderam generosamente sem dúvidas, alguns até demais! Mas visto as necessidades eu renovo ainda o pedido, não é muito o que peço. Peço que façam uma campanha uma vez por ano e proponho que cada cristão dê um real por ano, não é difícil nem pesa nas receitas das paróquias! Tem tantas campanhas no Brasil para ajudar tantas coisas, igrejas, canais de televisão católicos etc. É só ter uma pessoa por paróquia que faz a campanha e que recolhe o dinheiro e envie! Fácil não é! Mas tem que querer! Peço a você que está lendo esta mensagem que lance esta semente lá na sua paróquia vamos divulgar, vamos colaborar com a África, não esqueçam a nossa dívida com ela! Mesmo se você não é da Arquidiocese de Mariana você pode ajudar!
 O meu contato também pelo email: marmissao@gmail.com ou pelo face book Pe Marcio Macedo.
Termino aqui agradecendo a todos vocês pelo apoio e incentivo à missão e, sobretudo pelas orações! Que Deus lhes abençoe e lhes guarde!
Padre Marcio Sampaio, Missionário de Nossa Senhora da África
Conta para doações:
Sociedade Beneficente dos Missionários de Nossa Senhora da África
Agência: 2964 – 5
Conta Corrente: 27.790 – 8
Banco do Brasil
Cajazeiras, Salvador-Bahia

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